Nestes últimos dias visualizei curioso esta equação. Devo confessar que num primeiro momento fiquei “boiando”. Não tinha clareza do que se tratava. Até imaginei placar de futebol. E penso que não fui o único.
Acompanhando muitas pessoas se manifestando, especialmente nas redes sociais, busquei inteirar-me. E logo percebi se tratar de um debate que muito me interessou e interessa. Apesar de nunca ter abordado assim com esta equação.
Para quem ainda não está inteirado, trata-se de uma problematização da jornada de trabalho. Há quase um século se convencionou entender a semana como seis dias de atividades com direito a uma folga. Afinal, está lá na Bíblia que Deus executou a obra da criação em seis dias e no sétimo descansou. Então nada mais justo do que repetir a dose.
O problema é que o tempo trabalhado ou a ser um peso com as “conquistas” da Revolução Industrial. O grito partiu da classe trabalhadora que executava jornadas de até 15 horas diárias numa sequência ininterrupta sem colher os frutos de tal empreendimento.
No período Vargas cresceram também por aqui as reivindicações e finalmente culminaram com a CLT que, dentre outras normas, estabeleceu a jornada de 8 horas diárias e um total de 48 horas semanais distribuídos em 6 dias. A Constituição de 1988 revisou para 44 horas semanais. E Acordos posteriores permitiram que se ampliasse a carga diária para cumprir o total de horas em cinco dias. Mas não ou como reformulação constitucional. E é o que agora está sendo proposto.
Vários países já adotaram medidas semelhantes. Alguns inclusive experimentando a ideia de trabalhar 4 dias da semana – em torno de 32 horas. Alegam estatisticamente que a qualidade e produtividade tem melhorado.
Eu vejo que o problema mais grave não é 4, 5 ou 6 dias. É a forma como se está compreendendo o trabalho contemporâneo. Pelas projeções construídas há décadas, precisaríamos trabalhar cada vez menos. Porque a tecnologia estaria em condições de suprir nossa mão de obra. Comentou-se muito na sociologia acadêmica a ideia de uma sociedade do “ócio criativo” porque nos sobraria tempo.
No momento tudo indica que há plenário para um debate no congresso e alguns milhões de pessoas já estão se manifestando favoráveis à revisão. Temo pelas minorias privilegiadas que entendem perder privilégios de ganhos que cada vez mais concentram renda.