Diversas espécies perdem a vida e acabam nas areias Litoral Norte
Quem a pela beira da praia durante o período de inverno no Litoral Norte, tem observado a presença de animais na areia. Muitas vezes eles já estão sem vida e fica apenas a carcaça na beira da praia, o que gera além do mau cheiro, a curiosidade de que a pelo local.
Os curiosos tiram fotos e até tocam nos animais, mas qual seria a recomendação para quem avistar um animal ou a carcaça? Esses animais podem transmitir algum tipo de doença?


MIGRAÇÃO
De acordo com Derek Blaese de Amorim, médico veterinário do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), um dos animais que mais aparecem pela região são as baleias francas. “Elas vêm para o Litoral Norte do Rio Grande do Sul e, principalmente, Sul de Santa Catarina para reprodução, aparição e cuidados maternais. Esses animais, eles nadam muito próximo da arrebentação. Isso algumas vezes pode gerar uma confusão. Algumas vezes as pessoas acham que esse animal está encalhado, confundem essa proximidade do nado com o animal encalhado”.
Amorim destaca ainda, que além das baleias outros animais também são vistos com frequência pela região
“Outro animal comum que a gente encontra aqui durante essa época do ano, também favorecido pela corrente das novinas, é o marinho sul-americano. Esse animal ele é oriundo das colônias reprodutivas do Uruguai, então a viagem que ele faz ela é mais perto, ela é mais próxima. A gente tem a ocorrência também de leões marinhos que também veem de colônias reprodutivas do Uruguai, mas aqui na nossa região a gente encontra menos esses animais na praia. Eles se concentram mais nos bodes de São José do Norte e aqui no Litoral Norte eles se concentram mais nele, nos golpes, que tem esse nome, mas a maior quantidade de animais que param ali são os leões marinhos,” disse ele.
Para o veterinário, a presença de lobos marinhos na praia, pode gerar estranheza da população e orienta como agir caso veja um desses animais.
“Os lobos-marinhos podem parar na praia, isso é importante que as pessoas saibam, isso pode gerar uma estranheza. Mas eles param na praia, podem ficar deitados, dormindo, descansando durante dois dias e faz parte da biologia deles. Quando a gente encontrar um animal nessa situação, a gente deixar o animal descansando, respeitar o espaço dele, respeitar a distância de 5 metros, não deixar os cães se aproximarem. E caso esse animal esteja debilitado, a pessoa achar que esse animal está doente, ou se ele já está há mais de dois dias na praia, pode entrar em contato com a Patrulha Ambiental da Brigada Militar (Patram), que faz a avaliação desses animais, o recolhimento quando necessário. E o encaminhamento aqui para o setor de reabilitação do Ceclimar”, orienta o veterinário.
Uma das dúvidas para quem gosta de estudar esses animais, é a idade que eles têm quando chegam a região e Amorim explica.

“Os lobos marinhos que vêm pra cá são animais, normalmente, de primeiro ano de vida, são animais que nasceram no final da primavera ada, eles vêm pra cá, eles já não necessitam de cuidados maternos, então são animais que as mães ficaram nas condições produtivas, então eles já estão em fase de captura de peixe, eles não estão mais se amamentando, a gente tem uma média, um cálculo de óbito de 10 a 20% da população em primeiro ano de vida, então é muito bom, e a gente tem alguns animais que moram nessa primeira migração também, a gente tem algumas nações antrópicas diretas e indiretas que podem causar óbito desses animais. Uma delas é a sobre pesca, que vai interferir na alimentação desses animais. Da mãe desses animais também. A gente tem aqui no nosso litoral casos, bastantes casos de cães atacando esses lobos marinhos na praia, principalmente animais de primeiro ano de vida. É um problema, porque o lobo marinho está no local dele, está no seu habitat natural, e o cachorro errante, a selvajada que fica na praia, que não está no seu local adequado”, explica.
O Ceclimar também faz monitoramento dos animais para controle e registro também de mortes, explica Amorim.
“A gente faz um monitoramento de praia aqui no litoral do Rio Grande do Sul, um monitoramento semanal, de Torres até Palmares do Sul, desde 2011. Então a gente vem registrando a vivencia desses animais aqui e a gente sabe o que é comum de ter uma quantidade de animais encontrados mortos na praia durante essa época do ano, do que esses animais morrem. Muitos deles são animais juvenis, em primeiro ano de migração, então seria o que a gente tem conhecimento de seleção natural, mas a gente tem também algumas outras ocorrências que podem não estar relacionadas com a seleção natural, podem estar relacionadas com alguns impactos antrópicos, diretos e indiretos, sobre pesca, metais pesados no mar, degradação na habitat desses animais, são causas também de morte deles. Também, são fatores que a gente registra, não só aqui no litoral do Rio Grande do Sul, como no Brasil inteiro, não nos locais onde eles ocorrem, eles ocorrem até Espírito Santo, é a área onde ocorrem esses animais enquanto eles estão no Brasil.
ORIENTAÇÃO
Como ressaltado pelo veterinário do Ceclimar, caso seja encontrado um desses animais, o cidadão deve observar se ele tem algum ferimento. Caso tenha, chamar a Patram, que fará a remoção do animal. Se ele estiver descansando, manter uma distância de 5 metros, para não assustar o animar, afinal ele está no habitat natural dele. Caso o animal esteja morto, a Patram fará a notificação a prefeitura do município, que fica responsável pelo recolhimento da carcaça. Não se aproximar e principalmente não tocar nesses animais são pontos extremamente importantes. Se o animal estiver descansando, evitar que cachorros cheguem perto e assustem o animal.