Uma palavra estranha, mas carregada de provocações. O autor é Yasha Mounk, um jovem de origem alemã que atua como cientista político na América do Norte. Seu foco é a análise sobre o enfraquecimento da democracia nos últimos anos. É autor de uma obra intitulada “O povo contra da democracia”. Sua análise centra-se no processo de distanciamento entre o modelo das democracias representativas modernas (liberais) e a frustração dos eleitores com a classe política.
Não tenho me aprofundado na temática, mas é algo que já há mais tempo está me incomodando. A democracia, da forma como veio se consolidando no último século, está demonstrando fraquezas. Uma manifestação mais clara é possível observar no processo eleitoral que está em andamento nos EUA, uma das nações que se coloca como exemplo de democracia plena. De um lado, tentativa de assassinato de um candidato. De outro, pressão e desistência de candidatura. E, para além disso, um discurso e debate longe de abordar dimensões essenciais para o bem comum. Aquelas questões básicas de saúde, emprego, segurança e habitação vão se tornando marginais diante de outras de cunho moralista e nacionalista. Não é diferente nos países da Europa que colocam como uma das questões primeiras no debate o enfrentamento da onda de migrações, especialmente de povos africanos e asiáticos. Um descontentamento generalizado que se aproxima de modelos simpáticos a uma espécie de totalitarismo, algo que já experimentamos pela história recente no período entre guerras.
Penso que não há necessidade de repetir modelos. A democracia surgiu com os gregos, alguns séculos antes da era cristã e foi reinventada nas sociedades contemporâneas ocidentais a partir das revoluções burguesas dos séculos XVII – XIX. Desde então, vista como um dos estágios mais avançados da política participativa. E, no entanto, parece não dar conta dos novos desafios. Provavelmente porque ficou reduzida aos momentos de eleições.
Para que se mantenha, será necessário também reinventar a democracia. Resistir para que
sobreviva porque a não democracia é um o expressivo em direção ao retrocesso com aproximação de modelos marcados pelo ódio, exclusão e morte.
Não precisamos ar por isto para, ali na frente, nos darmos conta do equívoco em que nos metemos.