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Moradores de Três Cachoeiras, constantemente às escuras, reclamam prejuízos com faltas de energia

por Melissa Maciel

Os moradores relatam enfrentar dificuldades com falta de energia há anos, mas desde dezembro de 2023, as ocorrências tornaram-se mais frequentes

Em meio às paisagens do Litoral Norte gaúcho, a cidade de Três Cachoeiras enfrenta um problema persistente que, ao contrário da beleza natural da região, é tudo menos agradável. Moradores de diversas comunidades, como Lajeadinho, Rio do Terra e Alto Rio do Terra, têm relatado prejuízos e transtornos significativos decorrentes das frequentes quedas e falta de energia.

A oscilação no fornecimento de energia elétrica tem causado danos materiais consideráveis, afetando eletrodomésticos essenciais em residências e equipamentos em empresas locais.

Um episódio marcante dessa situação ocorreu no casamento do casal Robson Machado Rodrigues e Natália Selau Josefino, que ficou às escuras em pleno evento, em meados de dezembro. Robson relembra a situação, revelando que, após a cerimônia religiosa, a festa teve que aguardar quase uma hora no escuro. Além do inconveniente na celebração, eles suspeitam que na residência do casal, o micro-ondas tenha sido danificado devido à falta de energia daquela noite.

Os moradores das comunidades mais afetadas apontam diversos problemas associados à falta de energia, que vão desde interrupções parciais ou totais no fornecimento até a queima de aparelhos eletrônicos e a interrupção do serviço de internet. O estudante Eduardo Jaeger, residente na comunidade Rio do Terra, destaca que o problema persiste há meses, afirmando: “A nossa luz aqui, ela falta todo dia, praticamente. Ficamos às vezes 12 horas sem luz. E isso acaba gerando um transtorno bem grande”.

A gravidade da situação é acentuada pelo fato de que a população local é composta, em grande parte, por idosos e crianças. Jaeger ressalta a dificuldade enfrentada pelos idosos, que muitas vezes necessitam de cuidados especiais. Além disso, a falta de energia torna a comunidade incomunicável, já que não há sinal de 4G durante as interrupções, o que pode ser especialmente preocupante em casos de emergência.

SUSPEITAS

Os moradores, incluindo Jaeger, afirmam que a falta de energia teve início com o impacto do “Ciclone bomba” que atingiu a região em julho de 2020, gerando ventos de cerca de 100 km/h que danificaram postes e redes elétricas na região. No entanto, com a chegada da temporada de verão e o aumento do consumo de energia, a situação tem se agravado.

O vereador do Município, Marcelo Paulart, vem acompanhando de perto os desafios relacionados ao abastecimento de energia na região. Ele sustenta a convicção de que eventos climáticos afetaram a infraestrutura de Três Cachoeiras e região. Até meados de 2021, quando a Equatorial assumiu a CEEE, não foram realizados investimentos significativos. Pelo contrário, foram realizadas apenas manutenções paliativas, como emendas de cabos, que podem contribuir para os problemas atuais.

“Procuramos o Ministério Público (MP/RS) no final do ano ado e apresentamos um dossiê com todas as demandas necessárias para restabelecer um serviço de fornecimento de energia com qualidade e eficiência. Combinamos com o promotor de Justiça, que enviou um oficial da Promotoria de Justiça para nos auxiliar na confecção de um relatório a ser enviado para a CEEE Equatorial, cobrando urgência nas melhorias”, explica Marcelo. Ele reconhece o esforço da Concessionária na busca de soluções para uma rede sucateada.

Além disso, o vereador destaca que o mesmo relatório, produzido com o auxílio do MP/RS, foi entregue à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, em Brasília. A ANEEL, tomando conhecimento das informações no relatório, cobrou providências junto à CEEE Equatorial.

“Depois dessa pressão, a concessionária já procurou o Município para tratar dessas deficiências no abastecimento de energia, e esperamos a realização de um mutirão previsto para fevereiro, com profissionais especializados e equipamentos adequados para fazer uma varredura e, finalmente, dar uma atenção especial ao nosso povo”, acredita o vereador Paulart.

Conforme o relatório enviado à ANEEL, as principais demandas das comunidades de Três Cachoeiras incluem não apenas a constante falta de energia em Lajeadinho e Rio do Terra, mas também a presença de postes de madeira com risco de queda, como na comunidade Santa Rita, e postes inclinados com fiação solta e abaulados, presentes nas comunidades de Morro Azul e Morro de Dentro. Outras situações preocupantes envolvem postes sendo sustentados apenas pela fiação no Mirante Santo Anjo e transformadores que desarmam devido à falta de potência na comunidade Fernando Ferrari. Adicionalmente, foram identificados problemas em transformadores relacionados ao aterramento, causando danos a eletrodomésticos e eletroeletrônicos na comunidade de Bela Vista.

Foto: Arquivo MPRS – PJ Torres | O Município possui uma rede elétrica antiga e com pouca manutenção

ABAIXO-ASSINADO

Diante da persistência do problema, a comunidade de Lajeadinho buscou auxílio junto ao vereador Jonas Machado. Um abaixo-assinado está sendo elaborado e outras comunidades planejam adotar a mesma estratégia para chamar a atenção da CEEE Equatorial. A iniciativa visa clamar por urgência na resolução do problema e demandar ações efetivas para garantir um fornecimento de energia confiável e estável.

Frente aos relatos de prejuízos e dificuldades enfrentadas pela população, o prefeito de Três Cachoeiras, Flávio Raupp Lipert, mais conhecido como Ratinho, tomou medidas para lidar com a situação. O vice-prefeito Vilson Rodrigues foi designado para acompanhar de perto a questão e sinalizou a disposição do município em colaborar com a Concessionária de energia.

Rodrigues destaca as dificuldades enfrentadas pela CEEE Equatorial, que ao assumir a gestão de energia da região, antes competência do Estado do RS, que teria herdado uma infraestrutura precária, mencionando fios emendados, equipamentos obsoletos e transformadores danificados. Ele enfatiza que a situação é agravada pela terceirização dos serviços, resultando em equipes muitas vezes despreparadas e sem a experiência necessária para resolver os problemas de forma eficaz e rápida.

Além disso, o vice-prefeito observa a demora nas respostas das equipes terceirizadas em atender aos chamados de emergência. “Um escritório da CEEE Equatorial com equipamentos e veículos adequados atenderia não só Três Cachoeiras, mas também municípios vizinhos como Dom Pedro de Alcântara, Morrinhos do Sul e Mampituba”, destaca Rodrigues, referindo-se à região que mais apresenta reclamações sobre as frequentes quedas de energia e os danos causados a eletrodomésticos.

Foto: Arquivo MPRS – PJ Torres | Um mutirão da CEEE Equatorial visando melhorias está previsto para fevereiro

RESPOSTA DA CEEE Equatorial

Em resposta às preocupações levantadas pela população, a CEEE Equatorial enviou uma nota ao Jornal do Mar informando que iniciou um levantamento de oportunidades de melhoria, confira na íntegra:

A CEEE Equatorial deu início a um levantamento de oportunidades de melhoria no circuito principal da rede elétrica que abastece a cidade de Três Cachoeiras e a região. Vencida esta etapa e realizadas as primeiras manutenções, agora a distribuidora acompanha o desempenho da rede para verificar eventuais ocorrências. Para a semana de 8 a 10 de fevereiro, a CEEE Equatorial informa que está programado um mutirão de serviços para intensificar os trabalhos de manutenção que já iniciaram no nas redes que abastecem o município.

Enquanto a comunidade aguarda soluções concretas, a esperança é de que as ações da CEEE Equatorial resultem em melhorias significativas no fornecimento de energia elétrica. Os moradores anseiam por noites mais iluminadas, onde a energia não seja apenas um luxo, mas uma garantia básica para a qualidade de vida de todos. Resta agora observar como as autoridades locais e a concessionária trabalharão em conjunto para superar esse desafio persistente e devolver a normalidade à vida dos habitantes de Três Cachoeiras.

Foto: Arquivo MPRS – PJ Torres | A falta de energia é quase diariamente desde dezembro de 2023
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