Home Torres Município de Torres enfrenta altos índices de suicídio e reforça rede de apoio em saúde mental

Município de Torres enfrenta altos índices de suicídio e reforça rede de apoio em saúde mental

por Melissa Maciel

Durante entrevista realizada na última quarta-feira (28) na Rádio Maristela, o coordenador do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Renascer de Torres, psicólogo Bruno Raupp, e o diretor de Vigilância em Saúde do município, Jonas Brocca, falaram abertamente sobre o crescente número de casos de suicídio no município e reforçaram a importância da rede de apoio em saúde mental disponível para a população.

Apesar de o tema ainda ser delicado para muitos, os profissionais enfatizaram que o suicídio precisa ser debatido com responsabilidade, acolhimento e informação.

“Torres tem uma população de cerca de 41 mil habitantes, mas conta com uma rede de atenção psicossocial ampla, com portas abertas para qualquer pessoa em sofrimento psíquico”, destacou Jonas.

Segundo o coordenador do CAPS, o município conta com diversos pontos de acolhimento que compõem a chamada RAPS, Rede de Atenção Psicossocial. Estão entre esses locais os postos de saúde (ESFs), o Pronto Atendimento 24 horas e o próprio CAPS Renascer.

“Qualquer pessoa que esteja com ideação suicida, ou seja, com pensamentos relacionados ao suicídio, pode procurar esses pontos de atendimento. O acolhimento é imediato. O paciente será escutado e terá seu quadro avaliado por um profissional, que vai direcionar o melhor caminho para o cuidado, seja através de acompanhamento psicológico, psiquiátrico, medicação ou, em casos mais urgentes, encaminhamento hospitalar”, explicou Bruno.

CAPS RENASCER

O CAPS de Torres atualmente possui cerca de 900 pacientes ativos e conta com uma equipe multidisciplinar formada por seis psicólogos, dois psiquiatras, uma assistente social, duas enfermeiras, um técnico de enfermagem, um educador físico, uma oficineira e diversos estagiários da ULBRA Torres.

O atendimento no CAPS vai além da consulta tradicional. Os pacientes participam de oficinas terapêuticas, grupos de conversa, atividades físicas, caminhadas orientadas, grupos de jogos e artesanato.

“Muitos dos nossos pacientes chegam com dificuldades até mesmo de sair de casa. Esses grupos ajudam a resgatar o vínculo social e o senso de pertencimento”, disse Bruno.

Cada paciente tem um Plano Terapêutico Singular (PTS), elaborado de forma personalizada para suas necessidades. “Mesmo que a pessoa esteja fora de sua agenda de atividades, se ela estiver mal, pode procurar o CAPS e será acolhida”, garantiu o psicólogo.

SINAIS DE ALERTA

Jonas alertou que o suicídio é uma questão multifatorial. Fatores psicológicos, psiquiátricos, sociais, econômicos e biológicos podem estar envolvidos. “Depressão, esquizofrenia, histórico familiar, desemprego e até a sazonalidade de Torres e litoral, onde há muitas oportunidades de trabalho no verão e poucas no inverno, são gatilhos possíveis”, afirmou.

Ele também chamou atenção para sinais que merecem cuidado: falas recorrentes sobre morte, mesmo em tom de brincadeira, tentativas anteriores de suicídio, isolamento social e automutilações.

“É preciso escutar e observar. A morte, muitas vezes, chega com um aviso que não devemos ignorar”, afirmou ao compartilhar uma experiência pessoal recente.

DESAFIOS

Um dos principais desafios enfrentados hoje, segundo os entrevistados, é a falta de alguns medicamentos psiquiátricos.

“Não é por falta de recursos, e sim por entraves burocráticos, que estão sendo enfrentados pela Secretaria Municipal de Saúde”, explicou Bruno. Ele destacou que a secretária de saúde está em diálogo direto com o prefeito para buscar soluções emergenciais e garantir o abastecimento.

A estrutura de atendimento em saúde mental de Torres não está isolada. Além do CAPS e dos postos, escolas, Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e até hospitais fazem parte da rede de encaminhamento. Profissionais da educação e da assistência social estão capacitados para identificar sinais de risco e acionar os serviços adequados.

“Se uma psicóloga da assistência social identifica um caso preocupante, ela encaminha para o CAPS. A educação também está inserida nesse processo. Toda a rede conversa entre si”, reforçou o coordenador.

COMO BUSCAR AJUDA?

Qualquer pessoa que esteja ando por sofrimento emocional, ou familiares que percebam mudanças preocupantes em entes queridos, pode procurar:

  • CAPS Renascer de Torres – Atendimento multidisciplinar e gratuito
  • Postos de Saúde (ESFs) – Atendimento e encaminhamento para a rede
  • Pronto Atendimento 24 horas – Urgência em saúde mental
  • CRAS e escolas – Rede integrada para encaminhamentos
  • Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) – Atendimento psicológico por estagiários supervisionados

O psicólogo reforçou que ninguém precisa enfrentar a dor sozinho. “Sempre haverá alguém para ouvir, acolher e ajudar. O primeiro o é pedir ajuda”, concluiu.

Onde procurar ajuda, de forma imediata e anônima:
Centro de Valorização da Vida (CVV) – Ligue 188 (24 horas, gratuitamente).

FOTO: ARQUIVO RM

Entrar

Mantenha-me conectado até eu sair

Esqueci a senha

Uma nova senha será enviada para você por e-mail.

Recebeu uma nova senha? Entre aqui

Registrar nova conta

Tem uma conta? Entre aqui