A água é o elemento central da nossa existência, que nos une e conecta a todos. Por isso, os efeitos das mudanças climáticas, como secas e enchentes mais intensas e frequentes, representam uma ameaça à vida, ao desenvolvimento e à biodiversidade.
“Água nos Une, Clima nos Move” é o tema do Dia Mundial da Água de 2024, no Brasil, celebrado hoje, sexta-feira (22). Em relação a esse tema, a Central de Jornalismo da Rádio Maristela e o Jornal do Mar realizaram uma entrevista “ping-pong” com o consultor ambiental da Secretaria Executiva do Comitê Mampituba, o professor Dr. Christian Linck da Luz, que faz parte do comitê local de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Mampituba, para discutir os avanços na gestão da água na região. Confira abaixo:
1. Qual é o perfil da água na região do Litoral Norte gaúcho?
[ Prof. Dr. Christian] A maior importância do nosso litoral reside na sua grande disponibilidade hídrica, pelo menos até o momento. Por exemplo, contamos com grandes corpos d’água, como a lagoa Itapeva e a lagoa Sombrio, que são extremamente importantes para a manutenção da vida, da biodiversidade e também das cidades. É sabido que todas essas lagoas e rios que abastecem as cidades podem enfrentar problemas relacionados ao sistema de saneamento e ao uso de agrotóxicos, uma situação comum em nossa região, devido às plantações de arroz, banana, tabaco, entre outras culturas. Portanto, essa é uma preocupação constante com a qual precisamos lidar, através da mobilização e conscientização tanto da sociedade quanto dos agricultores, para garantir o uso adequado dos agrotóxicos e o pleno funcionamento da rede de saneamento, uma vez que tudo isso contribui para a qualidade da água em nossa região. Não se trata apenas de disponibilidade, mas também da qualidade da água, o que é de extrema importância.
2. Nossa região corre o risco de entrar em colapso devido à escassez de água para consumo humano e para uso agrícola ou industrial?
[ Prof. Dr. Christian] A gestão adequada da água é fundamental para enfrentar esses desafios. Isso inclui uma distribuição equitativa entre diversos usos, como consumo humano, indústria e agricultura. A falta de uma gestão eficiente pode resultar em situações extremas, como o racionamento de água em algumas regiões. As decisões sobre o uso da terra desempenham um papel fundamental. Por exemplo, a preferência pela pecuária ou pelo plantio de eucalipto em áreas propensas à escassez de água pode agravar os problemas de disponibilidade hídrica e prejudicar a população local.
É importante distinguir entre agricultura familiar, que produz alimentos para consumo local, e agronegócio, focado na exportação de commodities. A expansão do agronegócio em áreas com escassez de água pode ser problemática. Para enfrentar esses desafios, são necessárias medidas de conservação e uso eficiente da água, como o uso de caixas d’água, aproveitamento da água da chuva e adoção de descargas ecológicas.
De acordo com o consultor, professor Dr. Christian, em meio a esse contexto, a participação da sociedade é fundamental para conscientização e ação. Estima-se que cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo enfrentem problemas relacionados ao o à água e saneamento básico, destacando uma realidade preocupante em meio à modernidade global. Países como China e Índia enfrentam desafios significativos devido à poluição de seus rios, evidenciando a urgência de políticas eficazes. Contudo, investimentos em saneamento não apenas garantem o à água limpa, mas também promovem retornos econômicos e benefícios à saúde pública, reforçando a necessidade de ações concretas para enfrentar essas questões globais.