A gente entra nos mercados e a por um pergolado de ovos. Ovos de chocolate. Ou, então, ovos de páscoa.
Ovo, coelho, chocolate, páscoa, Jesus Cristo, ressurreição, feriado… o que um elemento destes tem a ver com os demais?
Nada! E tudo ao mesmo tempo.
Como já afirmou o grande historiador Eric Hobsbawm, a tradição não é algo que a gente preserva. A gente inventa.
A busca pelas raízes das festividades pascais (ritos de agens) é um empreendimento que se distancia no tempo, muitos séculos anteriores à era cristã. E uma viagem destas oportuniza um horizonte de entendimentos com muitas paradas onde embarcam uma variedade de ageiros com seus traços e culturas. O resultado é esta mescla de simbologias que temos à disposição hoje. Podemos até encontrar ligas, mas serão construções forjadas ao longo dos tempos. E quem pode, de fato, reivindicar o “verdadeiro sentido” da Páscoa? Caberia numa única definição?
Na escola que atualmente estou atuando, a escolha foi por trabalhar a simbologia do ovo. Provavelmente uma tradição de povos ocidentais que ritualizavam a entrada de uma nova estação, a primavera, com simbologias representativas da vida que se renova. O ovo ganhou este destaque. Algo aparentemente estático mas com um enorme potencial de vida.
Na instituição, as crianças e adolescentes coloriram ovos e trocaram suas artes. Com a ideia de que a vida tem a cor que a gente pinta. E a arte é a soma nesta coletividade. Não eram ovos de chocolate porque o destaque não era o doce, mas a vida.
Não se trata de fugir do sentido cristão. Antes, pelo contrário, reforçar o que também a tradição cristã tanto propõe: a vitória da vida. Como diz uma das canções mais tradicionais: “Ó morte, onde está tua vitória? Cristo ressurgiu, honra e glória!”
Cristãos ou não, é pertinente demarcar nosso tempo com rituais que conclamam para a vida com todo seu colorido.
Feliz Páscoa!
