Escrevo esta coluna no “Dia Internacional da Mãe Terra”. A data de referência é 22 de abril. Está relacionada a um episódio lá em 1970 quando milhões de norte-americanos fizeram, neste dia, uma manifestação de compromisso com a preservação ambiental.
Nas décadas seguintes, milhares de ações e movimentos afloraram assumindo esta bandeira de olhar para a terra não como uma fonte de riquezas e exploração e sim uma fonte de vida. Por isso esta ideia de “mãe”. Já nesse século, com a crescente degradação em curso, a ONU decretou, em 2009, a data como uma referência anual para pensarmos nossa relação com este espaço tão necessário e sagrado. Vale lembrar ainda que alguns anos antes, na década de 1990, foram feitos vários ensaios de uma manifestação que finalmente foi publicada em 2000 como “Carta da Terra”, tendo por cúmplices quase cinco mil entidades e organizações.
Faço estes destaques para indicar que a preocupação não é recente e muito menos de alguns grupos isolados ou reduzidos. Mas, ainda assim, um movimento fragilizado pela astúcia e ganância de alguns poucos. A mãe está doente. O que de fato fizemos neste dia? O que a grande mídia destacou? Quem se envolveu em ações de consciência?
Curiosamente, esta data 22 de abril traz lembranças que até colidem com esta ideia de uma mãe terra. Em algumas obras históricas consta que seria a data de chegada das esquadras de Cabral em terras indígenas deste continente em 1500. Chegaram como conquistadores, desbravadores, heróis dos mares. A mãe terra os acolheu. Mas aí iniciou-se um processo exploratório que, em nome da riqueza e desenvolvimento, agrediu e matou.
E a mãe chorou e chora até hoje. Ainda assim, acalenta e acolhe. É mãe. Derrama sua fertilidade para que a vida continue. Teima e resiste por mãos de quem cultiva o sentimento de filhos e filhas.
Aqui, no seio destas terras sul-americanas, existe um povo originário que ainda a saúda como Pacha Mama.
