É comum que utilizemos o verbo provocar de forma negativa. Especialmente quando nos dirigimos a outras pessoas que tomam uma atitude “provocativa”. Não é convencional que a utilizemos como uma ação positiva, embora também aconteça.
Tem muita serventia para justificar atitudes moralmente questionáveis: “só disse isto ou agi desta forma porque fui provocado ou provocada”.
E assim nos entendemos, assim nos comunicamos.
A linguagem é a arte de ser fazer entender. Utilizamos palavras que emitem conceitos. Mas elas também podem gerar desentendimentos. Exatamente porque as mesmas letras oportunizam compreensões diversas. E também conflitos.
Comunicar-se é um ato de provocar-se.
A etimologia da palavra latina (pro + vocare) aponta para isto: um chamado para vir à frente, um chamado à reação.
Faço estas considerações para a coluna que agora a a ter esta nomenclatura. É um convite à reação.
Alimento a ideia de não apenas expressar uma opinião senão, a partir de algumas reflexões, provocar uma reação de pensamentos. Pode ser comentando, (para isso disponibilizo meu e-mail: [email protected]) ou simplesmente relacionando entendimentos e pensamentos.
Caso a leitura gere uma atitude de indiferença (ao menos algumas vezes isto poderá acontecer) então este espaço deixa de cumprir o que pretende: provocar.
Não me pautarei por uma temática específica. Será uma espécie de crônicas do cotidiano onde a realidade, ela mesma, se apresenta como uma provocação ao entendimento na espera de uma reação.
Já na minha juventude acompanhava falas de que estávamos nos transformando numa geração dos enlatados, numa referência aos alimentos já prontos para ingerir, suprindo a necessidade de prepará-los. A geração dos lanches rápidos e homogêneos. Sem mais a especificidade e riqueza que expressa os sabores e odores de cada um.
E hoje observo a tendência dos enlatados ideológicos. Ideias prontas para consumo. Sem provocações, sem reações. Simplesmente uma atitude de adesão ou exclusão.
Então vamos lá. Não busco adeptos. Almejo apenas provocar. E faço-o a partir de um tempo e espaço que a vida me permitiu e permite experienciar.