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Suicídio: cada vez mais precisamos falar sobre o assunto

por Anderson Weiler

Especialista alerta para a necessidade de quebrar o tabu de falar sobre o assunto, para que cada mais vidas sejam salvas

A forma como o corpo de Tayná da Silva Rosa foi encontrado, na última semana, em um local de mata, conhecido como “caixa d’agua”, entre os bairros Centenário e Vila São João, em Torres, trouxe à tona, mais uma vez, a importância de falar sobre suicídio. As causas da morte da jovem, moradora da Comunidade do Barro Cortado, em Torres, ainda está sendo investigadas pela polícia civil local, sendo o suicídio uma das hipóteses trabalhadas.

Conforme o portal do Ministério da Saúde, “o suicídio é um fenômeno complexo, multifacetado e de múltiplas determinações, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero”. O portal faz o alerta de que o suicídio pode ser prevenido. Saber reconhecer os sinais de alerta em si mesmo ou em alguém próximo a você pode ser o primeiro e mais importante o.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), um suicídio acontece a cada 40 segundos no mundo. Normalmente este é o meio encontrado para acabar com alguma dor, sofrimento ou frustação e todos nós estamos sujeitos.

No Litoral Norte, conforme dados do da Secretária Estadual de Saúde, nos últimos cinco anos, 130 suicídios aconteceram na região.

Mesmo que diversas campanhas sejam feitas, a doença ainda é vista como um tabu social e que precisa ser quebrado, para que as pessoas tenham mais liberdade de falar sobre o assunto.

Ainda assim, as perguntas que sempre ficam no ar são: Por que uma pessoa coloca fim à própria vida? Seria este ato o último recurso para alguma dificuldade que ela vinha enfrentando?

Nas cidades de circulação do Jornal do Mar, o que os municípios oferecem de serviços para prevenir o suicídio.

ARROIO DO SAL

O município de Arroio do Sal dispõe de oito programas, que servem tanto para os profissionais de saúde, para lidar com o assunto, quanto para a população. O primeiro são palestras de valorização a vida em cada mês temático, como o Setembro Amarelo, mês da mulher, Janiero Branco, por exemplo. Também é feito Palestra de aula inaugural no início do ano letivo em escolas.

A segunda ação é a Campanha com materiais informativos, sobre onde procurar ajuda, quando procurar, que é realizada durante os meses de prevenção.

O acolhimento às pessoas que procuram atendimento em saúde mental feito pela Assistente Social do AMENT e pelas enfermeiras de cada ESF é a terceira ação que o município oferece.

O atendimento, orientação e acompanhamento familiar realizado pela Assistente Social do AMENT em casos de risco de suicido, também é feito em Arroio do Sal, assim como os grupos terapêutico para ansiedade e Psico terapêutico para luto.

A capacitação anual aos profissionais da saúde desenvolvendo escuta sensível e intervenções imediatas de prevenção ao suicídio e o Projeto Aurora: desenvolvendo as agentes comunitárias para lidar com as demandas de saúde mental do seu território, são as outras ações que a cidade oferece aos munícipes.

TORRES

Os dados apresentados no município de Torres, liga o sinal de alerta. Os dados são feitos em comparação a cada 100 mil habitantes e neste cenário, no ano de 2022, a cidade de Torres tem 35,04 pessoas que tiveram a própria vida em decorrência da doença. Se for comparar com a 18ª Regional de Saúde, os números são preocupantes, porque a regional apresenta 18,08 e o estado do Rio Grande do Sul, 13,93. Os dados analisados são os de 2022, pois os do ano ado, ainda não são oficiais.

Os números veem aumentando a cada ano, se analisados os últimos 10 anos. Na mesma comparação, de cada 100 mil habitantes, em 2012 eram 19,28 pessoas. O ano com menor número foi 2019, quando os números chegaram a 2,7.

GRÁFICO DADOS TORRES

Conforme a Secretária de Saúde, Suzana Machado, e a Diretora de Média e Alta Complexidade, Cláudia Morel Trindade, conta com “Serviço de prevenção ao suicídio no município de Torres, que é compostos pela RAPS (Centro de Atenção Psicossocial -Caps-, Estratégia Saúde da Família -ESF-, Pronto Atendimento e Hospital), que atendem pacientes por demanda espontânea”.

Conforme Cláudia, “o trabalho realizado de forma intersetorial complementada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), que recebe ligações através 188, quando em risco, além da Educação, Assistência Social, Segurança Pública. Cada serviço tem ações individuais e coletivas”.

A Polícia Civil da cidade, apresenta um número de 28 suicídios de 2020 até o dia 29 de fevereiro de 2024, sendo 4 no ano de 2020, 9 em 2021, 8 em 2022, 5 em 2023 e 2 em 2024.

MORRINHOS DO SUL

Conforme o prefeito do município, Marcos Venicios da Silveira, a cidade tem um bom serviço de acolhimento a saúde mental, com psicólogas, psiquiatra, entre outros profissionais. Silveira disse que o após a pandemia, ocorreram vários casos de suicídio em diversos lugares e que na cidade, muitos casos foram identificados e tratados dentro da saúde municipal.

De acordo com a Secretária de Saúde da cidade, Neca Scheffer, “Morrinhos do Sul oferta atendimento com psiquiatra, psicóloga, atendimento clínico e acolhimento pleno a todas as demandas de saúde mental pela equipe de enfermagem. Também realizamos as campanhas em parceria com a assistência social no mês do Setembro Amarelo, com palestras com psicólogos, pra toda a comunidade”.

TRÊS CACHOEIRAS

Em contato com a responsável da pasta da Saúde, a mesma informou que a solicitação dos dados deveria ser feita por telefone, porém ninguém atendeu a ligação.

O DE TORRES

A reportagem entrou em contato com a Assessoria de Imprensa do município, porém até o fechamento desta edição, não teve retorno.

CVV

Fundado em São Paulo em 1962, o Centro de Valorização da Vida (CVV) é um serviço voluntário gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.

Oferece atendimento pelo telefone 188, 24 horas e sem custo de ligação, por chat, e-mail e pessoalmente.  Nestes canais, são feitos mais de 3 milhões de atendimentos anuais, por aproximadamente 3.500 voluntários, presentes em 20 estados, além do Distrito Federal.

É uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, que é reconhecida como de Utilidade Pública Federal desde 1973. A instituição é associada ao Befrienders Worldwide, que congrega entidades congêneres de todo o mundo, e participou da força-tarefa que elaborou a Política Nacional de Prevenção do Suicídio, do Ministério da Saúde, com quem mantém, desde 2015, um acordo de cooperação que permitiu a implantação do 188, linha nacional gratuita de prevenção do suicídio.

Além dos atendimentos, o CVV desenvolve, em todo o país, outras atividades relacionadas à prevenção do suicídio, com ações abertas à comunidade que estimulam o autoconhecimento e a melhor convivência em grupo e consigo mesmo.

A instituição também mantém o Hospital Francisca Júlia, que atende pessoas com transtornos mentais e dependência química em São José dos Campos (SP). Para conhecer mais, clique abaixo e visite o site oficial.

COMO AJUDAR?

A psicóloga Pâmela Leal Quintian Ramos, “embora a situação seja delicada e muitas vezes até mesmo assustadora, o suicídio pode sim ser prevenido. É importante descaracterizar esse tema de ser considerado um tabu, pois o estigma em relação a este assunto impede muitas vezes a procura de ajuda, que poderia estar evitando mortes.

Para ela, “os sinais muitas vezes são sutis, mas em outras ele é bem explicito, só que de uma forma aparentemente normal. A pessoa demostra uma inconstância devido ao desanimo ou até mesmo incompreensão de como está se sentindo perante a própria vida. Desapego, por motivos de desleixo, auto cuidado que muitas vezes está vindo da falta de perspectiva para com a vida, procura não se apegar. Irresponsabilidade, pode ser observado que sem um objetivo as práticas de responsabilidade habituais am a ser segundo plano ou até desaparecem da rotina.  Apatia, esse aspecto é um dos mais visíveis porque normalmente ou demostram uma fisionomia sem expressão de intensidade a cada emoção ou situação vivida.

Ainda, conforme Pâmela, uma forma de ajudar é “promover e ampliar ações de promoção da saúde mental, prevenção e atenção relacionadas ao suicídio, visando à redução de tentativas e mortes. Promover palestras nas escolas públicas a fim de gerar uma conscientização sobre o suicídio na adolescência; Promover palestras em empresas para que colegas de trabalho e até os trabalhadores possam entender melhor e observar seus familiares e amigos; Promover uma campanha de divulgação de combate ao suicídio através de lives no instagram falando sobre o tema proposto. Usar nossos meios de comunicação como este para deixar a todos mais informados”.

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