Encontros, fotos e postagens. Uma das marcas desse descortinar de 2025.
Nas imagens, quando queremos expressar aos outros uma ideia de nós mesmos, aparecemos cercados de pessoas. Como cenário, fogos de artifício, luzes e brindes. De forma mais comum, brinde com vinhos espumantes. Até mesmo para os não consumidores de álcool, a taça e o vasilhame remetem a bons elaborados de vinho. Inventamos bebida alcoólica sem álcool.
Não presenciei imagens de pessoas brindando com água.
Bebidas alcoólicas são também conhecidas como drogas lícitas. Proibidas para menores de 18 anos. E, no entanto, são elas que unem e reúnem famílias. Onde crianças e adolescentes embriagam-se de relações festivas.
Por que vinhos? Por que álcool?
Vivo a tentação de buscar origens históricas. Porque entendo que a história legitima o nosso viver que nada mais é do que uma reinvenção e ressignificação de tradições.
Festas regadas à vinho eram momentos significativos na vida e cultura de povos que nos antecederam. Eram um vício cultural. Marcados por rituais que envolviam pessoas, comunidades e deuses. Marcas necessárias para ordenar a própria existência.
Entre os gregos haviam as festividades legitimadas pela divindade cultuada com o nome de Dionísio. Evidências apontam que já existiam há mais de três milênios de anos. Há mais de dois mil, entre os romanos, algo semelhante se dava em honra a Baco. Divindade equivalente a Dionísio, cuja origem mitológica remetia à união de um deus supremo com uma mulher de condição humana. Ambos, Dionísio e Baco, por ciúmes da deusa suprema, tornaram-se órfãos de mãe e foram elevados a condição de divindade. Em honra a eles era permitido embriagar-se. Mais do que isto, tornou-se parte das cerimônias rituais beber vinhos.
Penso que ninguém levanta uma taça a eles hoje. Talvez poucos conheçam estes mitos e muito menos entendem participar de um ritual religioso. Mas o rito continua. Hoje dominados por um feitiço ou poder com força de divindade: o consumo.
aram-se milênios e continuamos seduzidos por vícios culturais. Hoje amplificados por uma rede de comunicação sem limites que, da mesma forma, busca impor uma determinada “ordem social”.
Após esses brindes todos, que possamos também nos reinventar e ressignificar, viciados em sobrepor qualquer forma de não-vida.