Para o terceiro Domingo de Páscoa, temos uma das mais belas e emocionantes narrativas da aparição do Ressuscitado a um grupo de discípulos de Jesus.
ado o evento da morte de Jesus, os apóstolos voltaram às suas atividades normais. Tudo parecia ter acabado. Ainda não tinha “caído a ficha” dos escolhidos para continuar a missão de Jesus na história. Tudo parecia terminado. Pedro parece ter esquecido a responsabilidade recebida de tomar a frente da obra inaugurada pelo Mestre e diz aos colegas: “Eu vou pescar”. Eles responderam: “Também vamos contigo!”. Pescaram a noite inteira e nada apanharam.
Já amanhecia quando, frustrados pelo insucesso, apareceu alguém na margem que perguntou: “Tendes algo para comer?”. Tendo respondido que não, esse alguém sugeriu: “Lançai a rede à direita da barca e achareis”. Lançaram as redes e, qual não foi a surpresa: a rede ficou tão cheia de peixes que quase não conseguiam puxá-la para a margem.
Diante do fato extraordinário, o discípulo amado disse a Pedro: “É o Senhor!”. Ouvindo dizer que era o Senhor, Pedro correu para verificar a feliz surpresa. Não foi difícil concluir que era Ele, o Crucificado que ressuscitou e continua a operar os milagres de outrora. Como em tão pouco tempo estavam esquecendo sua vocação-missão, rapidamente recuperaram a memória e retornaram o entusiasmo e a esperança com a sua presença física.
Depois da comensalidade, o Ressuscitado testa a fé/amor de Pedro, perguntando: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”. E ele: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Ao que Jesus responde: “Apascenta os meus cordeiros”. Perguntou uma segunda e uma terceira vez: “Tu me amas?”.
E Pedro confessou: “Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo”. E Jesus: “Apascenta as minhas ovelhas”. Com isso, Pedro viu-se confirmado em sua nova missão de pastorear o novo povo de Deus.
Lembrando que a Páscoa é Cristo presente — agem da morte para a vida, da escravidão para a liberdade, do pecado para a graça — para todos os que creem na ressurreição, curtamos essa presença misteriosa e apaixonante.
Soltemos as cordas do nosso coração para cantarmos com júbilo e alegria a vitória do Crucificado-Ressuscitado. Amemos e deixemo-nos amar por Ele, que deu sua vida por amor. Vamos, também nós, pescar com Jesus Ressuscitado! Deixemos que Ele entre no barco de nossa vida, família e comunidade, e os resultados serão incalculáveis, especialmente em termos de alegria e esperança que brotam da fé.
Deixemos ressoar a pergunta fatídica: “Você me ama mais do que estes?”
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório